segunda-feira, 28 de junho de 2010

Não sei nem o que dizer!!!

Não sei bem porque mas hoje me senti mais distante do que nunca do meu país... e isso aconteceu graças a um programa de TV que assisti no canal ABC1.

Esse programa se chama Four Corners, o que em português seria algo como quatro cantos, e conta histórias diversas sobre o cotidiano de pessoas ao redor do mundo. Esse programa é bem conhecido aqui na Australia e tem boa audiência. Mas devo confessar que não sou um telespectador assíduo dele não... Pois bem, estava sentado no sofá quando uma amiga minha ozzy me mandou um SMS dizendo que estava passando um programa sobreo Rio de Janeiro no ABC1 e instantaneamente mudei de canal pra assistir ao programa achando que veria mais um documentário destacando as belezas da nossa terra. Tolo engano. O programa como disse anteriormente é sobre o cotidiano das pessoas e nada mais corriqueiro no Rio de Janeiro do que a VIOLENCIA. Isso mesmo meus amigos, a nossa guerra urbana mostrada de forma fria e verdadeira em horário nobre e canal aberto.

Devo confessar que tive vontade de chorar e mesmo depois de horas ainda não me sinto bem em ter visto aquilo que vi na TV. O documentario mostrado descrevia a guerra do tráfico de drogas sob três pontos de vista distintos: um policial, um traficante e um pastor evangélico que trabalha tirando, ou pelo menos tentando, tirar jovens do crime. Nada do que foi mostrado pra mim era novidade mas pela primeira vez pensei em como pessoas como nós conseguimos viver num clima de guerra e medo como o que temos no Rio de Janeiro.

Eu procuro não ser mais um desses brasileiros babacas que vem pro exterior e ficam metendo o pau no Brasil pros gringos que perguntam como é nosso país. Me permito no máximo dizer que vim buscar uma qualidade de vida melhor pra mim e pra minha esposa quando me perguntam porque saí do Brasil.

Mas hoje fiqueir triste por mim e por todos aqueles que ainda moram no Brasil e tem que conviver diariamente com algo que nesse momento não faz mais parte da minha vida mas faz parte da vida das pessoas que amo. Família e amigos se cuidem... rezo por vocês sempre!

domingo, 27 de junho de 2010

Primeiro destino: Tasmania

ncrivelmente lindo!!! Só assim podemos descrever o que é a Tasmania. Ou pelo menos o pedacinho que pudemos conhecer em dois dias!!!

Pra começo de conversa essa viagem pra Tasmania só foi possível por um motivo: o preço das passagens aqui é realmente barato. Pagamos AUD$65 por pessoa ida e volta pra Hobart, capital do território. Eu, Pri e mais quatro amigos viajamos pela Tiger Airlines que seria a equivalente da Gol nos primórdios da sua criação. Espero que tenhamos isso no Brasil um dia: uma companhia aérea realmente barata. Falarei sobre as condiçoes de preço de passagens em outro post. Neste aqui vou declarar meu fascínio por essa ilha...

A Tasmania, ou Tassie para os locais, é um lugar que tira o seu folego assim que você pisa lá: o lugar é realmente FRIO! Chegamos em Hobart por volta de 7:00am e pegamos o carro que já havíamos alugado pela Internet. A viagem de Melbourne até lá dura uma hora, quase uma ponte aérea Rio-SP e pela hora que sáimos poderia até durar um pouco mais pois estávamos mortos de sono!

Mas tudo era festa e estavamos ansiosos por conhecer as cidades por onde nosso breve roteiro nos levaria! Primeira parada: Port Arthur. Mais ou menos duas de carro e chegamos nesse complexo penitenciário do ínicio do século 19 que servia também como principal uma grande celeiro de mão-de-obra barata. Na verdade gratuita! Os presos passavam os dias trabalhando como ferreio, sapateiro, fabricando tijolos entre outras funçoes. O lugar apesar de muito frio é realmente lindo e cheio de história. Inclusive visitamos a primeira solitária criada na Australia após ser abolido o castigo corporal. Os presos ficavam 23 horas por dia no escuro e só comiam uma vez por dia. O guia nos contou que os presos que davam trabalho eram alimentados às 00:15 de um dia e comiam de novo às 23:45 do outro... ou seja praticamente 48 horas sem comer mesmo tendo comido uma vez por dia!!!

O mais legal desse passeio foi ver a estrutura criada para receber os turistas que visitam a penitenciária. Os mínimos detalhes são importantes para que sua experência seja o mais completa possível. Recomendamos a todos que tenham a oportunidade de visitar a Tasmania que nao deixem de ir a Port Arthur. Natureza e história unidas de forma espetacular!

Próxima parada: Coles Bay. Dirigimos por três horas e chegamos numa cidade que fica no meio da floresta mas que mais uma vez nos mostrou como podemos fazer limonada de alguns limoes! No meio do caminho paramos no mercado e compramos comida e vinho, é claro! Com o frio que estava fazendo nada melhor que um bom vinho australiano para esquentar. Ficamos em um albergue que mais parecia um chalé de região de serra no Brasil. Todo equipado, com dois quartos, banheiro, sala com TV e aquecedor e cozinha completa. O jantar ficou por minha conta e preparei um risoto de frango que modéstia a parte estava bem gostoso. Após várias taças de vinho e de barriga cheia fomos dormir pois o dia seguinte seria bem cheio.

Finalmente chegamos no Tasman National Park... Vou postar depois o link do album de fotos da viagem pois não tenho como descrever a beleza do lugar. Deliciem-se!

Fizemos uma trilha pelo meio do parque andando por três horas até chegarmos na praia de Wineglass que absolutamente perfeita... A Priscilla falou que lembra muito a praia de Abrãao em Ilha Grande-RJ ... Passeamos, tiramos fotos, visitamos o farol e as trilhas mais famosas do lugar antes de voltarmos pra Hobart no fim da tarde.

Chegamos em Hobart por volta das 05:30pm mas nessa época do ano já está noite e pra dizer a verdade estávamos mortos de cansados e não vimos muito da cidade. Merece uma nova viagem pois só deu tempo de visitar uma parte da cidade chamada Salamanca que tem ótimos bares e restaurantes... parte bem badalada!

A única coisa ruim da viagem foi que no ótimo hostel que ficamos em Hobart não tinha ou não encontrei a sala de TV para ver o jogo do Brasil contra Costa do Marfim na copa do mundo. Mas tudo bem ganhamos e é isso que importa.

Às 6:00am estávamos de novo no modesto aeroporto de Hobart prontos pra voltar pra casa... Perceberam: CASA. Ainda soa estranho mas estamos mais acostumados com a idéia de nossa casa ser longe de casa!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Frio!!!!

Galera,

voltei aqui pra dizer que tudo que me disseram sobre o frio de Melbourne era verdade...

Essa semana fui pegar o trem para trabalhar e olhei no weather channel a temperatura: 7o. graus com sensação térmica de 3o. graus. Sério, estava um frio desesperador porque o vento parecia cortar nosso rosto. Com a Pri fala: "botox natural" porque sua cara fica congelada de verdade.

E sabem o pior disso tudo: ainda estamos no outono... Inverno só no fim do mês! Segundo o pessoal daqui, só começar a esquentar de novo em Outubro. Até lá, muito cachecol, sobre-tudo e Chai Latte!!!

Como vão as coisas?!

Desculpem mais uma vez pela demora... eu mesmo não sabia o trabalho que dá manter um blog up to date.

Mais por aqui as coisas vão muito bem e cada dia que passa nos sentimos mais confiantes e fortes nessa difícil jornada de morar longe de tudo que até então tínhamos como zona de conforto maior.

Aos poucos nossa casa vai ficando mais aconchegante e com a nossa cara. Bem diferente de como era quando chegamos com apenas quatro malas (das grandes!!!) e muita esperança no coração. Compramos uns quadros pra sala e para o banheiro - aqui é comum quadro no banheiro e gostamos da idéia - e só com isso a casa ganha mais cara de casa, não acham? Por falar nisso, salve a IKEA, loja super acessível e com produto de boa qualidade e super charmosos. Imaginem a Tok Stok com preços dentro do orçamento de uma família normal. Pronto essa é a IKEA, de origem sueca mas com a cara da Australia e que cabe no bolso da marioria de nós...

Fiz essa semana as primeiras provas para tirar a carteira de motorista... Fácil! Passei na prova teórica com 94% sem nem ler o livro de regras. Mas na prova de Hazard Perception Test (HPT) passei raspando com 71%. Na boa essa prova é até interessante mas passei sem entender como fazê-la ao certo. É um simulador de situações que encontramos no dia-a-dia quando estamos dirigindo e voce deve responder como seria suas reaçoes apertando o botão do mouse. Se voce esta ou não apertando no momento que eles consideram certo é que não sei... mas passei e é isso que importa!

O inglês temos ótimas novidades: a Pri que chegou aqui falando NADA de inglês, sério NADA é NADA mesmo, passou pro nível II do curso de ingles para imigrantes! Muito provavelmente, no próximo semestre ela já começara a fazer um TAFE na área de Child Services, que é o que ela queria desde o começo. No meu caso, estou ficando mais confiante no meu "taco" e até já me arrisco com algumas experssões idiomáticas que não estavam no meu vocabulário quando cheguei. Vou dedicar um post exclusivo ao uso da lingua ingles no trabalho e no dia-a-dia, ok?

Hoje vou ficando por aqui mas prometo escrever mais e mais vezes...

Beijos,

Leandro

terça-feira, 18 de maio de 2010

Eat in or take away???

Todos falam que Melbourne é a capital gastronomica da Australia e que por aqui temos os melhores restaurantes do país - para todos os gostos e bolsos... Mas voce está enganado se pensa que é fácil ter uma boa refeição por aqui por um preço razoável, sem conhecer o local...

A primeira vista você fica encantado com a imensa quantidade de restaurantes, cafés, bistros e tudo mais que encontramos por aqui, dizem até que existem mais 4000 locais desse tipo na cidade; mas onde ficam os restaurantes do dia-a-dia? Porque ninguém vai almoçar todos os dias em restaurantes sofisticados para gastar $40 ou $50 por refeiçao, ou vai!? Aí é que voce percebe que existe muito do mesmo.

Essa história de restaurantes do tipo "eat in or take away", que pra quem ainda não sabe é o mesmo que "comer agora ou pra viagem", acaba limitando o leque de opções de quem precisa almoçar na rua diariamente. Lembram que falei que quase todo mundo leva comida pro trabalho? Agora sei porque... Se voce quiser comer na rua todos os dias terá duas opçoes: gastar muito pra comer bem ou comer a mesma coisa todos os dias.

E as opçoes do dia-a-dia são comida chinesa, japonesa, tailandesa, vietnamita,etc... eu não estou exagerando. Os restaurantes de comida oriental, pelo menos na City, são a maioria esmagadora. E nesses casos você vai acabar encontrando os mesmos pratos com pequenas variaçoes de sabor e principalmente de pimenta!!! CUIDADO, por aqui os caras gostam muito de comida spicy...

Até podemos encontrar outros "sabores" de cozinha mas não em grande quantidade. Devo confessar que em alguns dias quando tive que almoçar na rua em dia de trabalho, o McDonalds, que aqui chamam de Maccas até no comercial de TV, parecia um oásis no meio de tantos noodles e fried rice... juro!

O restaurante que eu mais frequento na hora do almoço são os chamados japanese take away.. eles servem o sushi roll que é uma espécie de temaki só que em forma de rolo... bem legal, saudável e barato. Cada rolinho sai em média por $2.50. Eu como tres por refeição e fico na boa...

Outro ponto que gostaria de ressaltar - parece inicio de tese de mestrado - é que as cadeias de restaurantes que temos por aqui e por aí, ou seja, Maccas, Burger King, que aqui é Hungry jack's e KFC não tem o mesmo sabor... na minha opinião, se você aprecia um bom Big mac, coma antes de vir... os sanduíches daqui não tem o mesmo tempero, aliás acho que são todos um pouco adocicados, sei lá... não curto muito!

Mas não pense que só vou falar das coisas ruins... não existe nenhum lugar no mundo que proporcione cafés da manhã em um domingo mais prazerosos que Melbourne e seus milhares de cafés espalhados por toda cidade. Tem um aqui na rua onde moramos que se chama Loco Coffee que merece a menção honrosa... muito bom em atendimento, comida e clima bem agradável. Parece que o tempo passa mais devagar.

E as opçoes para aquele jantar especial com a patroa? Voce vai falir e não vai ter conhecido um décimo dos locais maravilhosos para um jantar romantico a dois.

Por enquanto é isso e desculpem pelo atraso nos posts é que tenho chegado muito cansado do trabalho... mas vou tentar ficar mais up-to-date...

sábado, 24 de abril de 2010

Comprando carro na Australia...

Pessoal,

esse post será bem breve... será tão rápido e simples quanto comprar um carro por essas bandas. Vou poder descrever os passos para a compra de um carro usado mas acredito que não seja diferente da compra de um carro zero.

Existe aqui em Melbourne um local chamado "Car City" que é tipo assim: sabem aqueles feirões de carros que as montadoras fazem de vez em quando? Então esse local é mais ou menos isso só que acontence todo dia... É algo que não tinha visto ainda no Brasil. Pra vocês terem uma noção do que é segue o link do Car City
... vale a pena conferir!

Depois de passar a manhã inteira debaixo de um sol de queimar a mufa, vi mais ou menos uns 182 carros diferente e não gostei de nenhum... não sei porque mas não gostei de nenhum. Apesar de toda variedade não achei que estivesse dentro do que queríamos, ou seja, semi-novo com opcionais e sedan.

Voltamos pra casa e fui olhar em um site de compra e venda de carros daqui, tipo o nosso Webmotors. Esse site é o Car Sales e realmente é muito bom. Fiz meia dúzia de pesquisas e achei o carro que queríamos. Um Holden Vectra 2001 4 portas, lindo!!! O preço estava bem legal e resolvi ligar pro cara. Liguei e meia hora depois fui até a casa pra conferir a máquina. O carro estava lindo e sem muitos arranhões tipicos de carros usados.

Mas aí que vem a diferença entre comprar um carro aqui e aí no Brasil. Quando você compra um carro aqui o vendedor é obrigado a te entregar um documento chamado RWC, ou seja, Road Worthy Certificate. Esse documento funciona como um atestado de que o carro está em perfeitas condições de uso e que você não está levando gato por lebre. Funciona assim, o dono do carro vai em uma oficina credenciada pelo governo e faz um vistoria, não como a do Detran, uma vistoria realmente. O mecanico faz um laudo informando tudo aquilo que deve ser trocado ou consertado antes de poder vender o carro. O dono então providencia o reparo de tudo que foi exigido e a oficina emite o documento para a venda poder ser concluída. O VicRoads, o Detran daqui, só faz a transferência do veículo que tenha o RWC.

Então, o dono do Vectra foi na oficina, pegou o RWC depois de fazer uma série de reparos no carro (pastilha de freio, limpador de parabrisa, sensor do tanque de combustível) e entao marcamos de pegar o carro. No dia marcado ele foi na casa onde estava hospedado, levou o carro e dei a ele o dinheiro. Dinheiro vivo, nada de financiamento pois isso aqui não se usa muito para carro usado. O cara entao me deu um recibo que ele mesmo fez e o RWC e pronto, o carro era meu. Três dias depois fui ao VicRoads fazer a transferencia de propriedade. Levei meu passaporte, meu Medicare e um comprovante de residencia, o RWC e um formulario que preenchi online com os meus dados e os dados do vendedor. Pronto, cinco minutos paguei uma taxa de AUS$ 300 e o carro passou pro meu nome.

Lindo isso... será que um dia faremos algo assim no Brasil?! Torço para que esse dia chegue logo...

By the way, estou com o carro há quase dois meses e não tive nenhum problema...

terça-feira, 20 de abril de 2010

Primeiro dia no trabalho!

Pessoal,

começo esse post inspirado em um tópico da comunidade de brasileiros que vivem na Austrália que existe no Orkut: eu confesso! Preciso confessar que meu primeiro dia de trabalho aqui em Melbourne foi o mais nervoso de todos que tive em minha vida. Parecia que eu era estagiário e o frio na barriga me impedia de dizer até mesmo as frases mais simples como "Hello, my name is Leandro!"

Os meu anos de experiência em grandes empresas brasileiras e multinacionais, os milhares de projetos que já participei nem os muitos diretores de empresas cisudos que já tive que me reportar não foram o bastante para me manter calmo. Não preciso nem dizer que na noite anterior não consegui nem dormir. Mas vocês devem estar se perguntando porque eu estava assim...

Por mais que nós, imigrantes, achemos que falamos bem o inglês, principalmente no dia-a-dia de trabalho, não se enganem; essa não é nossa língua nativa!!! Imaginem a cena: seu chefe te chama e diz pra você preparar um relatório para um cliente informando que o ambiente que estamos implementando precisará de uma revisão nos requerimentos técnicos... simples, se fosse em português... em inglês qualquer tarefa parce mais difícil.

No primeiro dia tive uma reunião com meu team leader e meu gerente e devo confessar (acho que estou com mania disso agora!) que não entendi metade do que eles disseram...

Comunicação a parte, o choque também se dá nas relações interpessoais. Os australianos não são tão emburrados como alguns podem imaginar e eles até fazem suas brincadeiras. Mas não se iluda, eles fazem piadas entre eles o que definitivamente não te inclui. By the way, quando eles cismam de fazer alguma brincadeira, juro, não vejo graça. Talvez seja porque não entendo muito bem o que eles dizem,

Para aqueles que não me conhecem muito bem, antes que falem alguma coisa, meu inglês é muito bom e tirei 7 no speaking do IELTS. Mas aqui o buraco é bem mais embaixo.

Uma coisa que também me chamou atenção no meu primeiro dia de trabalho foi que a geladeira comunitária do meu andar tinha uma caixa de cerveja, Alguns dias depois soube que alguns funcionários se reunem na sexta depois das 17hs para tomar umas... não preciso dizer que não fui chamado para essa confraternização.

Pra terminar esse post melancólico passei todos os dias de trabalho até hoje (estou na segunda semana) almoçando sozinho... todos os funcionários levam comida pro trabalho. Na verdade eles fazem um lanche que trazem de casa e voltam pro trabalho em 20 minutos. Isso não é pra mim... preciso almoçar, pelo menos preciso de um tempo pra me acostumar com isso.

Idependente de qualquer diferença, estou firme na minha caminhada e nada disso que relatei acima me atrapalha a vontade de ir trabalhar todos os dias, sempre muito grato por ter conseguido esse emprego e vou seguir adiante na conquista do meu sucesso por aqui.

P.S.: Ainda sinto frio na barriga quando vou pro trabalho todos os dias...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Afinal, como conseguimos alugar nosso apartamento??!!

Sei que depois do último post, algumas pessoas podem estar pensando que alugar um imóvel por aqui é praticamente impossível... Mas mesmo com tantas dificuldades, nós conseguimos e vamos explicar como e porque.


Após uma semana batendo muita perna por aí e sem saber nem ao certo como procurar bons imóveis com o "nosso perfil" (bons, baratos e com ótima localização!) fomos ver um apartamento muito legal em um suburbúbio chamado Riponlea. Bem localizado e com o preço legal, marcamos com o o agente e pegamos a chave no escritório para vermos o local. Chegando lá foi uma decepção só: o apartamento era pequeno, velho, cheirava estranho e era no andar térreo, muito comum por aqui, o que nós não queríamos. Mas nosso desespero estava tão grande que eu e a Pri nos olhamos e pensamos: não é tão ruim assim, né?



Pois bem, resolvemos pensar um pouco melhor mas no fim decidimos por aplicar para o imóvel. Perto deste mesmo imóvel havia um outro apartamento para alugar. Pelo menos o Google maps dizia ser perto... andamos mais ou menos meia hora até a imobiliária para pegar a chave e fomos ver mais um ap. Desta vez o apartamento era uma graça, terceiro andar, sala ampla, cozinha em um tamanho legal, quarto principal espaçoso, enfim, perfeito... saímos de lá e falamos vamos aplicar para esse e ver no que dá.



Voltamos na imobiliária para devolver a chave e fazer a aplicação quando começaram aqueles fantasmas que havia comentado no post anterior. A mulher da imobiliária pediu que déssemos várias infomações que não tínhamos como, referência profissional, renda, último endereço no país, porque saiu de lá (como assim!!!), enfim, já tava com aquela coisa na cabeça de que seria mais um que não seria pro nosso bico.



Preenchi na ficha o que tinha, mais ou menos metade, e fomos embora pra rua novamente, tentar achar um lugar legal pra morar... e não é que cinco minutos depois que saímos de lá a mulher nos ligou dizendo que nossa ficha tinha sido aprovada e que poderíamos pegar as chaves no dia seguinte? Juro, foi assim mesmo... na hora fiquei tão surpreso que como bom brasileiro pensei, esse lugar deve ser uma cabeça de porco que ninguém quer morar... a Pri tava pulando, literalmente, na rua de alegria e eu com cara de bobo sem acreditar muito.



No dia seguinte voltamos na imobiliária mas antes de assinarmos os papéis, burocracia zero, quis dar uma última olhada no apartamento e só então assinamos os papéis e pegamos as chaves na hora. Isso era quinta-feira e nos mudamos na segunda seguinte pois foi o tempo de ligarem a eletricidade, aguá e gás... isso mesmo, eles levam dois dias úteis para ligar esses serviços.



Bem agora estamos há um mês em nossa casa e muito felizes... cada dia uma vitória.

domingo, 11 de abril de 2010

Conseguir uma casa não é tão simples!!!

Conseguir um lugar pra morar em Melbourne não é uma tarefa fácil... mesmo!!!

Antes de chegarmos por aqui já havíamos lido em muitos lugares que o mercado imobiliário daqui está inflacionado, que tem mais gente procurando do que imóvel disponível, etc. Mas isso é só a ponta do iceberg... Encontrar o cantinho dos seus sonhos por aqui vai muito além disso.

O nosso primeiro passo em busca do nosso novo lar foi, como de costume, os sites de Internet, principalmente o realestate.com.au. Lá achamos VÁRIAS casas super legais com preços ótimos. Isso até mesmo de chegarmos por aqui... passávamos horas olhando casinhas lindas com quintais bacanas e tudo mais. Tudo que queríamos para uma vida tranquila. Porém quando chegamos aqui vimos que não é exatamente assim...As tais casas existem mas as que tem o preço bom não ficam perto do centro, ou seja, você tem que querer encarar as vezes uma hora de trem de ir e uma pra voltar do trabalho todo dia para ter uma casinha dessas... Quando você começa a vir mais pra perto da CBD (como chamam o centro da cidade) os preços aumentam e as casas diminuem... Aí você deve estar pensando: deve haver um meio termo nisso, algo que não seja tão longe e nem tão caro, acertei?! Isso é o que nós, vocês e a torcida do flamengo inteira quer... Aí começa nosso segundo problema: a competição acirrada.

Aqui na Australia existe uma coisa muito diferente no que tange o aluguel e até mesmo a compra de uma casa. Não é muito usual você ligar pra imobiliária e dizer que quer visitar tal imóvel e marcar com o corretor de ver. Existem basicamente dois modos: os rolam as INSPECTIONS, que explicarei em seguida, ou as chaves estão na imobiliária e você passa lá, paga uma taxa que varia de $50 a $100 para pegá-las e vai visitar o imóvel sozinho. Nem preciso dizer que as melhores ofertas são vistas através de inspections. Mas o que são essas inspections afinal?!

É o seguinte, as imobiliárias marcam visitas coletivas aos imóveis para economizar tempo deles e de quem está interessado em alugar os imóveis. Essas inspections não duram mais de 15 ou 20 minutos e todos os interessados visitam ao mesmo tempo. Assim, o corretor chega e tem umas dez, vinte ou vinte e cinco pessoas pra entrarem no imóvel e verem se querem alugar. Se te interessar vc pega a ficha na hora com o corretor e aplica para saber se eles te aceitam como inquilino... não, eu não escrevi errado, eles avaliam seu perfil pra verem se estão dispostos a te alugar o imóvel. Aí veio nosso terceiro problema : referencias profissionais e pessoais para o cadastro.

No cadastro que é usado para aplicar para o imóvel, você responde um questionário com várias informações como: estado civil, tipo de visto, emprego, tempo de residência, último imóvel alugado ou próprio, porque saiu do último imóvel, enfim, um raio-x da sua vida e de seus últimos endereços. Mas e pra nós que havíamos acabado de chegar por aqui, sem emprego, sem referencia profissional nem pessoal??? Nem preciso dizer que as melhores casas não eram pro nosso bico, perdíamos fácil para os australianos e residentes de muito tempo que já tinham emprego e tudo mais. Na verdade chegamos ao ponto de irmos em inspections, gostarmos da casa e olharmos a concorrência e nem aplicar... de verdade.

Mas então como nós conseguimos alugar nosso apartamento??? Fica pro próximo post...

terça-feira, 6 de abril de 2010

Pra onde vamos agora!!!

Quando chegamos no aeroporto de Melbourne, que por sinal é bem mais bonito e organizado que o de Sydney, estávamos aliviados. Afinal a nossa longa viagem havia terminado... Porém uma nova jornada estava por iniciar: onde iríamos morar?

Para contar como essa aventura se sucedeu preciso voltar no tempo e no espaço. Antes de irmos para Australia estávamos bem preocupados com a questão moradia pois como havíamos pesquisado, hotel por aqui é BEEEMMMM caro, tipo AUD$ 150 por dia em um bom local... ou seja, se ficássemos em um hotel teríamos um pressão muito grande para conseguir um canto pra morar. Essa pressa acabaria por nos empurrar pro primeiro muquifo que nos aceitassem... Isso mesmo que vocês leram "que nos aceitassem...". Isso porque o mercado imobiliário de Melbourne, tanto pra compra quanto pra aluguel, é ridiculamente disputado. Mas isso eu vou contar no próximo post...

Pois bem, a Priscilla ainda no Brasil conseguiu através de fóruns e comunidades do Orkut o contato com algumas pessoas que já moravam por aqui e essas pessoas foram nos dando dicas e conselhos de pra onde deveríamos ir e tal... na semana antes da nossa viagem decidimos alugar um quarto privativo no melhor Hostel (nome bonito para albergue...) no valor de AUD$ 99/dia... Tudo certo, nada felizes de pagar um fortuna para ficar em um albergue mas tudo bem, não tínhamos outra opção.

Eis que aos 45 do segundo tempo, uma das brasileiras que a Pri estava conversando pela Internet nos ofereceu um quarto para alugar em sua casa por algumas semanas até que nós alugássemos algo por aqui... Isso ainda soa estranho mesmo pra nós que vivenciamos essa situação e foi o melhor que poderíamos ter feito... como assim morar na casa de alguém que você nunca viu na vida??? As coisas por aqui são bem diferentes e vocês ainda não viram nada.

A casa da Ana, esse é o nome dela, foi nosso refúgio por 10 dias pois levamos esse tempo para alugar nosso apartamente, que vocês irão conhecer em breve. Nesse período ficávamos fora de casa o tempo todo, basicamente na City resolvendo MILHOES de questões como documentos, Medicare, conta em banco, etc.

Aguardem os próximos posts que vem mais por aí...

quinta-feira, 1 de abril de 2010

A viagem é longa.... mas vale a pena!!!

Cumprindo o prometido vou colocar as notícias em dia... E nada melhor que começar do começo!!!

No dia 07/03/10 começou nossa jornada rumo ao desconhecido - literalmente. Fomos para o aereoporto do Galeão no Rio e estavam todos lá, alguns mais ansiosos que nós é verdade. Família e amigos mais próximos que no final pareciam estar se despedindo de celebridades... pura pretensão.

Saímos do GIG as 14:40 e sabíamos que demoraríamos pra chegar... por isso no primeiro trecho de viagem até Guarulhos nem pensamos em dormir. Aliás não dormimos até chegarmos em Santiago, CHL. O estado avião e o serviço de bordo da LAN foram excelentes e as poltronas, mesmo as da classe economica em que viajamos, tem um espaço bacana que mantém suas pernas com sangue circulando, ou sejam sem espremê-las demais...

Quando chegamos no Chile à noite, tivemos um choque com o estado do aeroporto... realmente estava tudo bem tumultuado com os guiches de check in montados em barracas que pareciam mais acampamentos do exercito. Por causa do estado de calamidade que se encontrava o aeroporto por conta do terremoto que assolou o país duas semanas antes, as bagagens que deveriam seguir direto para AUS estavam na pista de pouso na saida dos aviões para que os passageiros pudessem pegá-las...


E por conta deste tumulto tivemos que fazer imigração no Chile, dar entrada no país para podermos fazer o check in para o trecho seguinte entre Santiago e Sydney. Apesar da confusao tudo correu bem e pegamos o voo seguinte dentro do horário.

Aí começou a romaria sem fim para chegarmos em Melbourne. De Santiago até o aeroporto de Auckland na Nova Zelandia foram 16 horas de viagem e vou confessar a voces que chegamos moídos lá. Tudo em nossos corpos parecia estar no lugar errado, apesar de termos dormido bastante tempo com ajuda de remedios que levamos para esse fim. Mas minha opinião é que o pior é que sabíamos que ainda tínhamos muito tempo de viagem pela frente. Saímos de Auckland 3 horas depois de chegarmos e pegamos o mesmo avião que havia nos levado até lá. Aliás, fomos informados que poderíamos deixar nossas bagagens de mão no avião, o que como bons brazucas que somos, não fizemos. Sorte nossa, uma americana que estava no voo no banco atras do nosso perdeu o estojo de maquiagem e uma bolsa com alguns pertences que havia deixado no bolso da poltrona. Portanto, aí vai meu conselho, saiu do aviao leve tudo com voce...

O voo continuou até Sydney se não me engano por mais 7 horas e esse trecho não é facil.. não dormimos muito bem e já estavámos de saco cheio de estar em um avião. De verdade, tem horas que parece não ter fim a viagem. Mas finalmente chegamos na Australia, mesmo que ainda não fosse no destino final. Ao chegarmos em Sydney passamos pela imigraçao. É engraçado como ficamos nervosos em fazer imigraçao mesmo estando com todos os documentos certinhos. Na verdade fomos até preciosistas com nossa postura de nao trazermos nada do Brasil que pudesse gerar qualquer problema. Optamos por não trazer nenhuma iguaria de nossa terra pois fomos informados que nada poderia entrar no país. Na verdade não é bem assim... Aí vai nossa segunda dica: traga o que quiser, óbvio que lícito, mas a grande sacada é declarar TUDO. Eles tem um slogan na imigraçao que diz DECLARE OR BEWARE, que seria mais ou menos DECLARE OU ESTEJA CIENTE, nesse caso das consequencias que voce pode enfrentar como multas pesadas se trouxer algo e nao declarar.

Medos e nervosismos a parte, tudo correu direitinho e devo confessar que tivemos muito orgulho em vermos nossos passaportes carimbados pela imigraçao australiana pois aquilo era a realizaçao de um planjamento que nos custou muito tempo e paciência... e dinheiro obviamente mas isso não é o mais importante.

Depois alguma horas em Sydney, pegamos o último voo para Melbourne. Incrivelmente foi o pior voo de todos como voces devem imaginar. Cansaço, ansiedade e uma fila sem fim para entrarmos na sala de embarque da Qantas. Alias queria ter seguido com o aviao da LAN até Melbourne pois o avião da Qantas era bem fraquinho mas tudo bem. Depois de pouco mais de uma hora de voo chegamos em Melbourne...

No total levamos mais de 30 horas do Rio de Janeiro até Melbourne mas tudo valeu a pena. A cidade é linda.. mas isso fica pro próximo post.

Desculpem a demora!!!




Pessoal, peço desculpas a todos que nos acompanham nessa jornada pois estivemos sumidos por quase um mês... Milhares de coisas aconteceram nesse tempo e realmente nossas vidas mudaram da agua pro vinho - literalmente - e aos poucos vamos contando tudo por aqui.

Despedidas, viagem, moradia, comida, carro, transferencia de dinheiro, emprego, ufa... não sei nem por onde começar mas prometo que agora atualizarei o blog sempre que possivel. E não pensem que isso é piada de 1o. de abril pois não é...

Ainda hoje vou começar a colocar os posts e espero que todos gostem de nossas histórias...

quarta-feira, 3 de março de 2010

Passaportes carimbados!!!


Depois de 10 dias de espera, que cá entre nós não fizeram nem cosquinha, nossos passaportes voltaram da embaixada australiana em Brasília.

Olha, já haviam me dito que era uma sensação incrível ver o visto estampadão mas não consigo nem descrever... É muito legal ver o trabalho de quase um ano transformado em realidade. O tão sonhado visto tá na sua mão...

Daqui por diante é conosco... nosso sucesso será diretamente proporcional ao nosso empenho em buscar oportunidades e nos adaptar a cultura aussie...

Frio na barriga!!!

Semana corrida...

É chegada a grande hora de realizar nosso sonho de morar em Melbourne... Tudo muito bonito e melancólico mas ninguém me disse que era tão dificil. Não tinha a menor noção da quantidade de coisas que temos que fazer para colocar nossas vidas brasileiras em HOLD para iniciarmos uma nova australiana...

Contas em banco, procurações de plenos poderes (medo!!!), TV por assinatura, Internet, telefones celulares, Onda Livre (pedágio da Ponte Rio-Niterói), ufa... parece não ter fim essa novela.

Além disso temos que fazer bainha em calças novas, fazer as benditas malas que não cabem tudo o que precisamos levar porque levamos coisas que não precisamos, vender o carro (isso não é fácil!!!), enfim um milhão de coisas que temos que fazer em tão pouco tempo.

Mas a parte mais complicada com certeza é se desligar das pessoas que ficam... as despedidas são dolorosas e eternas. Mesmo fazendo 48 festas, chopps, confraternizações e outros nomes, temos a nítida sensação que não nos despedimos de todo mundo...

Pois é pessoal, a gente sonha tanto com esse momento mas o que posso dar de testemunho é: preparem-se pois não é fácil mas vale cada minuto!!!

Faltam apenas 5 dias...

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Porque ir pra Austrália??? Não podia morar mais perto???

Perdemos as contas de quantas vezes ouvimos essa pergunta... Não podemos mentir e dizer que a Austrália foi o primeiro e único destino idealizado. Na verdade foi o terceiro...

O primeiro lugar para onde pensamos em nos mudar foram os EUA. Isso se deveu a vários fatores como: ótimo campo de trabalho na área de tecnologia, qualidade de vida muito boa e proximidade com o Brasil (apenas 9 ou 10 horas de voo). Além disso, existe um fator que pesava muito nessa direçao: Guilherme, meu irmão, mora lá. Isso por si só seria motivo suficiente para que eu e minha esposa fossemos para a terra do Tio Sam. Porém, as coisas não são tão simples e os EUA não tem uma política de migração, digamos, aberta a candidatos do terceiro mundo - nesse caso nós... Junte-se a isso, a crise global que diminui muito a oferta de empregos e o alto custo de vida e ficou fácil de ver que não iríamos para lá.

Em seguida pensamos em um destino muito comum de brasileiros com perfil profissional qualificado e que possui uma política de imigraçao bem documentada e divulgada: Canadá. Pontos positivos: oferta de emprego, qualidade de vida, salários em alta para profissionais de TI. Pontos negativos: clima (não queríamos passar frio por meses a fio, não é a nossa praia...) e a maldita prova de francês que faz parte do processo de imigração. Pronto, Canada fora dos planos...


Aí sim chegamos ao ponto de estudarmos o processo de imigração para Ozzy e depois de exatos 10 meses deste momento conseguimos o tão sonhado visto de residência permanente... A Austrália, pelo menos nos fóruns, blogs e sites espalhados pela Internet tem tudo aquilo que buscávamos. Clima parecido com o nosso, 4 entre as 10 melhores cidades para se morar no mundo, segundo melhor IDH do planeta, ótimo mercado de trabalho, país com 25% da população formada por imigrantes ou filhos deles... Ufa, até me canso de dizer tudo que nos levou a ir pra lá.

Lembra que falei que os EUA eram perto, 9 ou 10 horas de voo... pra muita gente, isso parece piada, passar 10 horas em um avião não soa muito bem. Então imagine ficar 28 ou 30 horas para chegar. É isso mesmo que você leu: dependendo do lugar do Brasil que você pode levar até mais tempo que isso para se chegar na Australia.

Mas isso não nos apavorou e nos próximos posts vou detalhar as etapas desta caminhada e tentar ajudar aqueles que desejam seguir por essa trilha.